segunda-feira, 12 de julho de 2010

procriação


Quando abriu os olhos já eram quase duas da tarde. Levantou-se lentamente ainda sentido os efeitos dos excessos da noite anterior. Por alguns minutos refletiu sob o que havia feito, escovou os dentes e desceu até a cozinha. A mãe estava sozinha, comia seu almoço e a moça então se sentiu enjoada e correu até o banheiro.

Voltou depois de colocar quase tudo o que carregava na barriga pra fora, mas a mãe logo percebeu que naquela barriga havia ainda mais alguma coisa.

Sem dizer nada a mãe tratou de iniciar os mimos a filha que acreditava que aquele enjôo era culpa da vodca vagabunda, dos cigarros e da maionese da lanchonete. O pai não estava em casa e tão pouco parecia que iria chegar, mas não fazia falta pra nenhuma das duas.

A filha se sentia culpada por demandar tanta atenção da mãe, ela pensava que aquilo devia ser algum tipo de punição pelo deslize que havia cometido. A mãe se sentia completa em cuidar da filha. Ela pensava que aquilo era um tipo de recompensa por tudo o que havia suportado ao longo da vida.

A vida surge nos lugares mais inóspitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário