sexta-feira, 5 de novembro de 2010

sem açúcar


Amanheceu cada um de um lado da cama. De costas um pro outro já haviam acordado á bastante tempo, mas talvez a vergonha, a culpa ou o medo os fizesse ainda fingir que dormiam. Durante todos aqueles minutos que se passavam no silêncio, imóveis eles apenas se lembravam dela e do quanto á noite anterior os havia deixado mais próximos daquilo que jamais poderiam ter de novo.

De repente ela levantou. Ele fechou os olhos pra fingir que não a via. Ela foi até a cozinha passar um café e preparar algo para comer, não sabia como deveria lidar com ele naquele amanhecer. Fazia anos que ela não era amada com tanta intensidade e voracidade, fazia anos desde á ultima vez que um homem a deixou daquela forma. Mas no fundo ela sabia que nada daquilo era realmente pra ela, ainda assim isso não tirava o sorriso de seu rosto nos momentos em que ela era capaz de esquecer o quão tudo aquilo havia sido doentio.

Ele deitado aos poucos colocava a mente em ordem. Que horas já deveriam ser? Era fato que ele estava atrasado, mas isso não importava. A ressaca era grande, mas maior ainda era a tristeza que sentia. Chorou sozinho e tentando fazer o mínimo de barulho possível. Foi quando ela veio com o café da manhã e ele enxugou as lágrimas. Sem dizer nada se abraçaram e choraram juntos. Foi apenas questão de tempo pra que acontecesse mais um beijo e pra que entre lágrimas novamente eles se afogassem um no outro.

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