domingo, 10 de outubro de 2010

A verdade de pele verde


Ele não entendeu o que estava acontecendo. De fato era parecido com uma cama. Cabia o corpo. Formato anatômico e ergonomia perfeita para suportar o peso do mundo. Milímetros de mato amassado. Gosto de fel.

Uma leveza na cabeça sugeriram uma inspiração mais demorada que a expiração. Era bom estar, era bom ser e só. A satisfação naquele momento era ininteligível. O prazer apagava o desconforto do desconhecido.

Havia uma história sobre os índios que não conseguiam enxergar os navios dos brancos porque aquilo era algo que eles não tinham registrado na mente. Ele, ao contrário, conhecia tudo. Mesmo nunca tendo visto nada igual. Ele estava em casa. A felicidade era tanta que, de repente, quis gritar. Não conseguiu. Quando levantou uma tontura o jogou de volta ao chão.

Tudo flutuava dentro do limite exato da visão. Todo o resto era o invisível que não existia e se ausentava nas preocupações. Lembrou do sapo. Vômito no pé da cama. Marcas no braço, queimaduras pequenas. Tentou levantar novamente. Tontura.

Nada após o sapo. Nada do que lembrasse superaria aquele êxtase. Quem precisava de certezas com aquela felicidade. Debaixo da pele existe muito mais do que a carne pode mostrar. A imagem de um velho passou pela sua cabeça. Tentou levantar. O velho voltou à cabeça.

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