sábado, 21 de agosto de 2010

a cura



Mais um gole. Mais um gole e a vodca ficou na boca por alguns segundos até que ele cuspisse tudo na cara dela que ria enlouquecida de prazer naquele quarto de motel barato. Mais um tapa na cara. Mais um tapa na cara dele que ela dava com toda a sua força. Mais um tapa pra que ele abrisse os olhos e pra que entrasse ainda mais forte no meio das pernas dela. A cama estremecia assim como os corpos suados e imundos dos dois. As bocas se lambiam entre os fluidos que escapavam de todos os orifícios. Era a poesia da dor sufocada em prazer, era a explosão do ódio em gozo, era a liberdade de não se ter mais nada a perder.

Depois de gozar nos peitos dela ele sentou na cama e voltou á realidade, seu filho havia morrido antes mesmo de nascer. Mais um gole de vodca pra levar pra longe o mundo real. Ela o abraçou por trás e ainda um tanto sem ar suplicou por mais em seus ouvidos, ainda sem ar o chamou de todos os nomes e o desafiou a fazê-la gozar mais algumas vezes. Por um instante ele sorriu, mas sorriu sem entender o motivo de sorrir, só sorriu enquanto ela dizia do quanto havia gostado de senti-lo nela daquela forma. Ele havia se encontrado, ele havia se libertado e nada mais era motivo pra se precaver ou se conter. Agora ele era intenso como nunca havia conseguido ser antes em toda a sua vida.

Ela levantou bêbada, nua e suada acendeu um cigarro e se abaixou lentamente sem dobrar as pernas pra pegar sua calcinha que estava jogada num canto qualquer. Ele observando encheu a boca d água e passou a língua entre os lábios enquanto ela sorria safada e certeira pra seu novo amante. Rapidamente ele já estava de pé. A segurou com os braços pra trás e com a mão direita tratou de dar a ela tudo o que ela queria. Todos os jogos eram jogados, todas as vontades eram realizadas, todas as noites eram intermináveis. O bombeiro enfim havia encontrado uma forma de viver em chamas.

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